Durante três meses, a regra que extingue o let será experimentada pela ATP em eventos de nível challenger, a exemplo do Aberto de São Paulo. No primeiro torneio do ano, os tenistas ainda vacilam diante de uma bola que toca na rede e cai dentro da área de saque.
"Mesmo tendo treinado um mês com a regra nova, ainda estou me adaptando. Não é uma coisa fácil. Logo no segundo ponto da minha estreia, tomei um ace. Ainda não está automático, mas tenho lembrado de correr para a bola (depois de um toque na rede). Precisa ficar esperto, porque muda a dinâmica do jogo", disse Rogério Dutra Silva.
Se o brasileiro trata o assunto de forma descontraída, o argentino Horácio Zeballos, cabeça de chave número 1 em São Paulo, torce o nariz. Ex-top 41 do ranking mundial de simples e duplas, o tenista de 27 anos espera que a novidade não seja aprovada pela ATP.
"Eu e a maioria dos jogadores não gostamos. Jogamos a vida inteira de uma maneira, e agora temos que pensar que acabou o let. Aconteceu algumas vezes nos meus jogos e, nas primeiras, não lembrei de continuar o ponto. Você acaba se acostumando, mas é incômodo", condenou.Interessada em aumentar a velocidade dos jogos, a ATP decidirá se a extinção do let será oficializada de acordo com as reações do público e dos jogadores durante o período de testes. "Ainda é prematuro para tirar uma conclusão. Vai ser positivo se percebermos que o jogo ganhou um pouco mais de velocidade", apontou Paulo Pereira, supervisor do Aberto de São Paulo.
A extinção do let é uma novidade, mas o limite de 25 segundos entre os pontos é uma regra que simplesmente não vinha sendo cumprida. Caso o tenista desrespeite a norma, leva uma advertência. Na segunda vez, perde o serviço e, na terceira, perde um ponto.
A recomendação de endurecer a fiscalização será seguida em todos os torneios da ATP e coloca em xeque rituais de astros como o espanhol Rafael Nadal antes de iniciar cada ponto. Paulo Pereira, supervisor do Aberto de São Paulo, lembrou que o limite de tempo vinha sendo desrespeitado reiteradamente."Infelizmente, começou a haver um certo abuso e isso acaba prejudicando a duração da partida. Em muitos pontos, os jogadores usavam a toalha, ficavam esperando pelo boleiro. Alguns vão ter que mudar drasticamente o ritual no final dos pontos. Vão poder continuar com as manias, desde que dentro dos 25 segundos", pontuou.
João Zwetsch, técnico do jovem Guilherme Clezar e capitão do Brasil na Copa Davis, aprovou o final do let, mas gostou ainda mais do rigor na fiscalização dos 25 segundos entre os pontos. Com o cumprimento da regra, um tenista melhor preparado fisicamente leva vantagem, disse o treinador.
"Dependendo do momento da partida, faz muita diferença o jogador ter 10 segundos a mais antes de disputar um ponto ou não. Com 25 segundos entre os pontos, o jogador que, por méritos, estiver melhor fisicamente leva vantagem. Se eu consigo respeitar a regra e você tem dificuldade, o problema é seu", exemplificou.
(in esportes.terra.com.br)