Wimbledon 2013 :: Wimbledon vive o seu pior dia
27-06-2013 09:23Londres - E agora? O que foi mais terrível para o torneio e surpreendente para os analistas? A queda de Rafael Nadal ainda na primeira ronda para o 135º do mundo ou a de Roger Federer agora na segunda partida frente ao 116º da atualidade?
Eu diria que foi a de Federer. Ainda que seu adversário seja um tenista muito bem talhado para a relva – não foi por acaso Sergyi Stakhovsky tem um título na Holanda -, o suíço sempre foi o rei do Court Central, vinha de uma semana de bom treino em Halle e possui habilidades de sobra para mudar de táticas. Rafa, com ou sem joelho em mau estado, teve pouco tempo de adaptação após a longa sequência sobre a sua superficie favorita - terra e sofreu muito com a inteligente troca de ritmos que Steve Darcis impôs.
Só não fico mais surpreendido com a queda do heptacampeão porque, ele deixou-me cheio de dúvidas após as vitórias na meia e na final de Halle, em que venceu com atuações pouco convencionais para a grama. jogou demasiadamente no fundo de campo à mercê do quique irregular da bola. Assim como fez Mikhail Youzhny num jogo que deveria ter vencido, Stakhovsky foi o real tenista agressivo hoje, sufocando o todo poderoso Federer com um ótimo serviço e voleis impecáveis. O placar apertado de 3 sets a 1 retratou com fidelidade a partida.
Esta foi apenas a oitava derrota de Federer em Wimbledon, sendo que as quatro primeiras tiveram menor significado. Em 2002, o então 154º do mundo Mario Ancic eliminou-o ainda na estreia, o que seria então a sua única derrota antes dos quartos de final no torneio até hoje. Curioso notar que as piores derrotas de Federer nos outros Slam foram bem menos impressionantes: Luis Horna, 88º, em Paris-2003; Arnaud Clement, 54º, em Melbourne-2000; e Max Mirnyi, 34º, nos EUA-2002. Ele também encerra a sequência de quartos de final de Slam, que vinha desde a queda para Guga Kuerten em 2004, o que não é menos histórico.
Claro que a maioria pergunta agora sobre o futuro de Roger. De imediato, ele cai para quinto do ranking, superado por David Ferrer e Nadal, ainda com risco de ser alcançado por Tomas Berdych porque perderá mais 435 pontos dentro de quatro semanas do torneio olímpico. Derrotas no piso lento de Indian Wells ou no saibro europeu não são necessariamente o fim do mundo, mas perder o reinado na relva de forma tão categórica deve colocar dúvidas na cabeça do próprio suíço. Ainda que agora venha a longa fase em superficie dura, que ele tanto gosta, a confiança vai estar abalada. E os adversários, fica evidente, assustam-se cada vez menos.
Chegou a hora de Federer repensar a sua carreira.
Que dia! – A queda do cabeça 3 foi o ponto culminante de uma incrível quarta-feira em Wimbledon. A Federação Internacional diz que não tem dados suficientes para afirmar qual dos Slam tenha vivido a maior série de baixas físicas – segundo a entidade, faltam data dos jogos -, mas neste caso não foi apenas uma questão de quantidade, mas de qualidade.
Vika Azarenka e Marin Cilic nem foram para o court, Jo-Wilfried Tsonga e John Isner abandonaram. Estrela da segunda-feira, Darcis também deu w.o. E aí perdem Federer e Maria Sharapova. De tamanha debandada, a da musa russa foi quase tão chocante quanto à do suíço, principalmente porque a portuguesinha Michelle de Brito, nada menos que 23cm mais baixa, teve uma atuação tão ousada e precisa quanto a de Stakhovsky, mantendo frieza espantosa nos pontos decisivos, sem jamais segurar o braço.
A saída de Federer causa um buraco enorme no quadrante do quadro. Nomes como Benoit Paire, Nicolas Almagro e Jerzy Janowski surgem com maior potencial para fazer meia final diante de Andy Murray. Aliás, neste grupo também está o alemão-jamaicano Dustin Brown, outro que fez um típico jogo de serviço-volei e não segurou as lágrimas ao superar Lleyton Hewitt.
Já entre as meninas, abriu-se a porta para que a checa Petra Kvitova volte a ir longe em Wimbledon, torneio que venceu com grande categoria em 2011. Marion Bartoli e Sloane Stephens são as jogadoras de mais alto ranking que também estão na terceira ronda.
Saiba mais
Há uma confusão sobre a fama da quadra 2 de Wimbledon, que ficou conhecida por “Graveyard” (ou cemitério dos campeões), por ter abrigado derrotas de muitos nomes importantes ao longo da história, como Ilie Nastase, John McEnroe, Boris Becker, Andre Agassi, Pete Sampras, Martina Hingis, as irmãs Williams e agora Maria Sharapova. Um estudo chegou a sugerir que o problema ali estava na relva, que seria diferente do restante do complexo. Mas o fato é que a tão famosa quadra 2 deixou de existir em 2009, quando Wimbledon reformou o complexo. A velha ‘Graveyard’ foi renomeada de quadra 3. Depois, em 2011, ela foi totalmente demolida e deu espaço para as quadras 3 e 4 de hoje. A quadra 2 atual foi na verdade construída sobre a antiga quadra 13 e ganhou um estádio para 4 mil pessoas.
adaptado de Blog do Tênis por José Nilton Dalcim
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