Wimbledon, UK - E o árbitro de cadeira disse

Transcrição de um artigo do Ténisbrasil :

O sueco Mohamed Lahyani é um dos mais conhecidos e simpáticos árbitros de cadeira do circuito profisional. Raramente os arbitros são notícia, excepto quando cometem erros graves nas suas decisões. Em geral, o bom árbitro é aquele que passa despercebido num encontro, o que significa que não prejudicou o espectáculo.

Mas desta vez caiu na bosa até dos twitteiros, junto com os maratonistas John Isner e Nicolas Mahut que protagonizaram a partida mais longa de todos os tempos, com 11 horas e 5 minutos, que se estendeu de terça a quinta-feira, quando enfim teve um vencedor, o americano John Isner, pelo score histórico de 6/4, 3/6, 6/7(7), 7/6(3) e 70-68.

Lahayani de 44 anos, que vive em Espanha, tal como os dois duelistas, foi homenageado no court 18 e recebeu lembranças para marcar a sua presença neste marco histórico. Foi espantoso estar envolvido nesta partida extraordinária. Não imagino ver outra coisa como esta na vida. Não tive a chance de me sentir cansado, estava ligado neste jogo extraordinário e a minha concentração manteve-se boa. Devo isso aos jogadores, a sua adrenalina era de tirar o fôlego e o comportamento deles, excepcional. A equipa toda que esteve no court, aos juízes de linha e aos apanha-bolas fizeram um excelente trabalho. Acho que o jogo mais longo que tinha dirigido foi um de cinco horas e meia, que foi mais ou menos o tempo que durou o n3º set dessa partida. Quando se está tão focado assim e cada ponto parece um match point, a gente nem pensa em comer ou ir ao balneário. Viajo na viagem económica, sete horas sentado, quieto, isso no court não é nada.

Após a maratona, no court 18, com a capacidade lotada e pessoas apinhadas por todos os sitios para testemunhar a façanha, um dirigente do All England Club pediu a permanência no lugar por mais uns momentos. Em reconhecimento a este extraordinário e inacreditável jogo e para marcar um capítulo na história de Wimbledon e do próprio ténis, o All England Club decidiu premiar este momento especial do árbitro e dos dois jogadores, dissa debaixo de grande ovação. Para entregar os prémios de cristal, que serão posteriormente gravados, foram convidados o ex-número 1 do país Tim Henman, e a compatriota Ann Jones, ex-campeã de Wimbledon.